sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

[Resenha] Afro Samurai [Allena]

Mais uma resenha gentilmente cedida pela Allena-sama, eu achava que tinha resenhado esse mangá e para minha surpresa eu não tinha feito isso.


Lançado em 24 de Novembro de 2009 pela Panini, Afro Samurai é o primeiro Doujinshi que dá as caras por aqui. O termo “Doujinshi” (às vezes abreviado como DJ), resumidamente, indica mangás que não foram serializados em revistas ou contratados para tal. Ou seja, toda a produção é feita pelo autor que produz e imprime seu próprio trabalho e o vende por conta própria. Na verdade o termo Doujinshi só é usado para obras em japonês, para o resto do mundo chama-se Fanzine (Fanatic Magazine). Essas obras geralmente são paródia de outras, mas existem autores que escrevem histórias inéditas, que o caso de Afro Samurai.

Afro Samurai saiu numa revista amadora chamada “Nou Nou Hau” (No, Know How). Seu primeiro capítulo foi lançado em setembro de 1999 e concluído em maio de 2000. Em 2007 o estúdio Gonzo produziu uma série de TV de 5 episódios, exibidos no Brasil de forma relâmpago pela MTV. Mais tarde em 2009, Afro Samurai teve uma sequência em longa chamado “Afro Samurai: Resurrection”. O anime ganhou projeção mundial por ter o ator americano Samuel L. Jackson como dublador do personagem título. Após a fama conquistada pela animação, o autor relançou o Doujinshi redesenhado e melhorado, em dois volumes, que é o material que chega agora ao Brasil.

Além disso, Afro Samurai teve um jogo da Namco Bandai Games, um live-action ainda sendo produzido, dois “Soundtracks” e um artbook da série.

O autor se chama Takashi Okazaki. Suas obras são inspiradas em seu amor pelos gêneros hip hop e soul. Nasceu em Kanagawa em 1974 e graduou-se na Universidade de Artes Tama. Afro Samurai é seu mais famoso trabalho, embora tenha produzido outras séries sem muito sucesso.

Afro é considerado um mangá “seinen” (voltado a homens jovens) de vanguarda. O roteiro gira em torno da velha história de ser o “número 1″ e governar o mundo. A ação se passa num tempo indefinido, aparentemente uma sociedade feudal, ao mesmo tempo munidos de tecnologias de última geração. Por exemplo as lutas não são apenas com espadas e coisas do gênero, armas de fogos e mísseis se mostram bem presentes.

Tudo começa quando o pai do protagonista, o número 1, é desafiado pelo número 2. Seu pai morre no confronto e o menino jura vingança. Um pulo no tempo e já encontramos o rapaz crescido, com a bandana de número 2, sendo assim chamado de “número 2″ ou “Afro Samurai” por toda a obra. Em busca do paradeiro do atual número 1, assassino de seu pai, se depara com vários desafios que sempre acabam de maneira sangrenta e violenta. Ao contrário das obras de samurai, nosso protagonista não é o tipo “herói”. É simplesmente um homem que atropela tudo e todos pelo desejo de vingança. Inclusive comete vários “crimes”, assassinatos e se mostra terrivelmente frio e calculista. É interessante como em uma passagem do mangá ele vê o ciclo de vingança recomeçando, quando mata o “pai” de uma criança, deixando-a órfã como ele.

Essa caracterização do protagonista é um dos grandes trunfos da obra. Um personagem mais humano e imoral, contrastando com todos os quilos de mocinhos e super heróis. Em algumas passagens você tende a vê-lo como um herói e verdadeiro samurai, em outras o despreza. Vendo por esse lado tem até um toque de “psicológico” na obra.

Afro Samurai também se destaca pela arte escura com o sangue impresso em vermelho. Inclusive a versão brasileira está em dois tons. A arte me lembra o traço vanguardista de Kogima Goseki (artista de Lobo solitário). Outra coisa curiosa é o sentido da leitura ocidental, em vez de ser de trás para frente.

Como dito anteriormente, foi lançado pela Panini. A tradução ficou boa, com as várias notas no fim do volume. No máximo poderia criticar que não foi feito uma nota sobre “Ichi-nii”, embora tenha sido feita notas sobre “nii” e “ichinoji”. Talvez não seja tão óbvio para alguns, mas Ichi é o número 1 (referente ao irmão 1) e nii é “irmão mais velho”. Mas fora isso está tudo traduzido, inclusive as milhares de onomatopeias.

Quanto à edição, nem tem o que reconstruir, são todas falas em balão. No máximo poderia comentar sobre a letrista “Débora Kamogawa” que tem um estilo de centralização diferente, não que esteja errado, só é incomum. A diferença está na hora de imaginar o centro, mas não vou me apegar nisso. E a capa está quase igual à original.

Quanto à qualidade da obra, como dito acima está com dois tons, papel e capa de sempre da Panini, formato 13×18 cm, 168 páginas. Custa R$9,90 e é indicado para maiores de 16 anos por causa da extrema violência e presença de cenas de abusos sexuais. São dois volumes.
Já a periodicidade, não fazemos idéia. Segundo os sites de venda e da Panini Comics o título é mensal. Segundo as páginas de Checklist ao final dos volumes é bimestral. Seja como for, chega em 1~2 meses. (XD)

Concluindo, é um título muito interessante e singular. Vale a pena dar uma lida!

Título: Afro Samurai
Editora: Panini
Autor: Takashi Okazaki
Formato: 13 x 18 cm, Volume 1 de 2 – 168 páginas.
Preço: R$ 9,90

Capa original:

Capas Brasileiras:


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